ITINERÂNCIAS
A memória entre a materialidade e a virtualidade fotográfica
Uma memória constituída por uma fotografia itinerante, que vaga errante entre os pixels da captura digital e a impressão artesanal em cianotipia, transitando por substratos que a tornam permeável às superfícies sobre as quais repousa.
Uma imagem em contínua transformação, contaminada pelos rastros gráficos da monotipia, pelas texturas dos papeis e tecidos que a acolhem, pelo movimento virtual do vídeo em time-lapse, pela narrativa das páginas do livro.
Que fotografia é essa, queimada pela luz do sol em reflexos de azuis do céu, que dança diáfana pelos pixels da tela, que manuseia alegorias pelo folhear entrepáginas? De quantas camadas de gestos, de tempos e de corpos será feita esta imagem que nos olha, silenciosa?
Travessia que perscruta o tempo no fotográfico, condensado pelo instantâneo digital, dilatado pela impressão artesanal, atravessado pela sequencialidade do livro. Sístoles e diástoles que falam sobre efemeridade, sobre a impermanência da matéria.
Itinerâncias de imagens que contam sobre ocasos de um tempo percorrido pelos afetos, sobre camadas de memória passíveis de escavação futura. Carregam, em sua construção, a única verdade fotográfica possível: a fotografia do interno.
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DISPONÍVEL NO SITE DA UNICAMP: http://repositorio.unicamp.br/Acervo/Detalhe/1014516